Os médicos angolanos voltam a paralisar a partir de hoje segunda—feira, por tempo indeterminado, funcionando apenas com 25% da força de trabalho para assegurar os serviços mínimos, anunciou o Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA).
Segundo a declaração de greve aprovada no sábado em assembleia-geral, a que a Lusa teve acesso, a paralisação é extensiva a todas as unidades sanitárias, a partir das 8:00 do dia 21 de março de 2022, por tempo indeterminado.
Enquanto durar a greve, ficam suspensos os trabalhos nas enfermarias, seminários, internatos de especialidade, admissão e alta de pacientes, assim como passagem de relatórios, atestados médicos e certificados de óbitos. Contudo, serão garantidos serviços mínimos “na ordem dos 25% nos bancos de urgência e cuidados intensivos para atendimento aos doentes críticos (vermelhos e laranjas)”, acrescenta o documento.
Esta é a segunda greve em três meses, depois de uma paralisação de uma semana, em dezembro passado.
A 20 de setembro do ano passado, o SINMEA remeteu à tutela um caderno reivindicativo que tinha como linhas de força o reenquadramento e indemnização do médico e presidente do sindicato, Adriano Manuel, uma vez que a situação se enquadra na violação da lei sindical, melhoria das condições de trabalho e aumento do salário dos médicos.
O Ministério da Saúde (Minsa) “respondeu por escrito com menosprezo e de forma insultuosa, matando as esperanças daqueles cuja missão é salvar vida”, razão que levou à greve de dezembro, suspensa após negociações com o executivo que se comprometeu a dar resposta ao caderno reivindicativo em 90 dias.
Os profissionais de saúde queixam-se, no entanto, de pouco ter sido feito, já que volvidos 100 dias sobre a moratória apenas foi resolvido o primeiro ponto, relativo ao afastamento de Adriano Manuel, e parcialmente sobre a atualização da carreira médica.
O presidente do SINMEA, médico pediatra, encontrava-se afastado do seu posto de trabalho desde 2020, depois de ter denunciado a morte de dezenas de crianças em apenas um dia no banco de urgência do Hospital Pediátrico David Bernardino, o que lhe valeu um processo disciplinar e a transferência para a área dos recursos humanos do Ministério da Saúde.

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